segunda-feira, 19 de maio de 2014

As Linguagens da Dança e o público alvo.

A partir de 2005 o Garatuja - Oficinas de Arte ganhou uma nova configuração transformando-se no Instituto de Arte e Cultura Garatuja, entidade civil sem fins lucrativos. Essa alternativa surgiu da necessidade de adaptar-se a nova realidade das políticas culturais que vinham se implantando no país. O Programa Cultura Viva lançava os primeiros editais públicos voltados ao fomento na área cultural, até então inéditos. Uma das condições para participar do processo de seleção de convênios com o poder público era a entidade ser juridicamente estabelecida. Depois de formalizado foram inúmeros os projetos desenvolvidos através do Instituto Garatuja com o Ministério da Cultura e a Secretaria de Estado da Cultura, etc. As atividades passaram a ser subsidiadas com recursos públicos e direcionadas gratuitamente aos interessados, sempre através de criteriosos processos seletivos. Os editais de seleção para convênios com recursos públicos têm como um dos critérios o acesso para pessoas de menor renda.  Pudemos então focar esforços em nosso principal público alvo: jovens e crianças com aptidões e interesse artístico, independente de sua condição financeira. Como contrapartidas, disponibilizamos recursos, infra-estrutura, conhecimento e experiência para alunos que até então não acessavam esse beneficio. Desde o inicio optamos por disponibilizar essas vagas a estudantes de escolas públicas, e isso tem uma razão de ser. Tratando-se de recurso público, portanto pago por todos os contribuintes, nada mais justo que todos os cidadãos também tivessem acesso a esses benefícios. Na prática essa opção não se mostra a mais indicada. Se todas as vagas disponibilizadas fossem abertas sem qualquer critério seletivo, a tendência seria de serem preenchidas por pessoas com mais condições de acesso a informação, facilidade de mobilidade, etc. Vivemos num país de extremas diferenças sociais, com dívidas históricas para com a população menos favorecidas. O equilíbrio social passa por opções, escolhas e ações visando minimizar e corrigir o abismo social em que nos encontramos. Mesmo porque a intenção do projeto As Linguagens da Dança, não é trabalhar com o público das academias, "concorrendo" com espaços já estabelecidos. Muito pelo contrário. A intenção é despertar, revelar e acolher talentos e interessados na arte da dança que nunca tiveram acesso por falta de condições financeiras. O trabalho feito pelas academias independentes, ou "particulares", como queiram chamar, são fundamentais na vida cultural de uma cidade. São elas que fornecem espaços e condições de crescimento artístico quando não se tem outra opção. Na formulação de uma política cultural séria todos os agentes culturais envolvidos numa cidade deveriam ser levadas em conta, e isso inclui as academias. O que precisa são tratamentos diferenciados, por parte do poder público, para cada demanda existente e isso serve para outras áreas do fazer artístico. No caso específico do projeto As Linguagens da Dança, estamos focados nesse momento na Escola Municipal de Dança, onde inicialmente as vagas são limitadas e a escolha dos interessados será em cima de alguns critérios como: ser estudantes de escolas públicas, disponibilidade de tempo para dedicação integral à todas as atividades propostas, manter a freqüência além de ter aptidão e demonstrar interesse. A quantificação do projeto virá com o crescimento do mesmo e com a etapa de implantação do Educando Através da Dança, a ser desenvolvido num futuro próximo.


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